quinta-feira, outubro 12, 2006

História II

"Devaneios do maluquinho" - M & M's

Meus amigos, escrevo esta pequena história, nuns calaboços escuros, sujos e húmidos.
Esta humidade já me está a fazer mal aos ossos, e agravou a minha renite.
Devido à mudança da medicação sinto-me mais liberto, daí que a fuga para o exterior foi uma questão de minutos.
Estava eu descansadinho desta vida, quando, surgido do nada, um porta-chaves brilhava no chão.
A príncipio fico desconfiado, olho em redor, e vejo apenas um Fiat 127 estacionado, penso para os meus botões, não vale a pena baixar-me para guiar um Fiat 127.
Olhei para o meu relógio, e reparei que esta minha indecisão além de me ter custado 15 minutos, fez-me perder a única camioneta que diariamente ali passava, não tive então outro remédio do que baixar-me e recolher o porta-chaves.
Depois de inspecionado, reparei que dizia "Queres dar um voltinha, liga-me beijo Kelly" e o respectivo número de telemóvel.
"Porra!" - Gritei entristecido, o telemóvel tinha ficado no hotel (Casa de Saúde do Telhal).
Voltei a mirar de relance o relógio e mais 25 minutos tinham passado, não tardaria a escurecer e eu que nunca tinha conduzido de dia, iria tentar conduzir à noite.
Eram precisamente dezoito horas e 35 minutos, quando iniciei mais uma aventura (loucura).
Avancei destemido para o Fiat 127 e enfiei a chave na fechadura, rodei para a direita e a porta magicamente abriu, entrei e comodamente sentei-me. Ajustei milimetricamente todos os dispositivos e fiz-me à estrada.
No arranque queimei uns bons cinco centimetros de pneu e o carro não saia do mesmo sitio, até que descobri que o tinha que o destravar, grande erro, assim que o destravei, não segurei o carro, e entrei pela esquadra dentro, parando na recepção.
Foi nesse momento que fui recebido com ar de poucos amigos, o polícia tinha entornado o café, a única coisa que o tornava menos carrancudo.
Sai do carro e gracejei, venho cá com o propósito de avisar que encontrei este carro e "agarradas" estavam estas chaves.
O polícia, com um ar demasiado altruista, perguntou: "Você é doido!!!!"
Como poderia eu responder, eu sei que não sou, no entanto a Dra. Alice não é da mesma opinião, pois é, nem imaginam o meu dilema, se por um lado queria dizer que sim, por outro temia o poder dessa palavra.
Enquanto tentava articular algumas palavras, fui presenteado com um enxerto de porrada, que só visto, porque contando não consigo estar à altura da "barbárie".
Nunca tinha visto tanto polícia junto, eles eram aos pontapés, vinham e iam aos pares, cada um com mais vontade que o outro, foi uma autêntica sinfonia, e se ao príncipio ainda ecoava bastantes ruidos, a meio, já o concerto tinha acabado para mim.
Perdi os sentidos, segundo me disse Comandante da esquadra, falou em queda de tensão, mas a queda que eu me lembrava tinha sido outra.
Nem foi a porrada que me chateou, o que me deprimiu mesmo, mas mesmo muito, foi ter falhado a hora da medicação, é que sem ela, não me situo neste mundo, sou um caso à parte.
Bolas é preciso ter mesmo azar, eu sem aqueles M&M's coloridos não sou ninguém!


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